João Francisco de Moraes

João Francisco de Moraes

Para entendermos quem foi João Francisco de Moraes, precisamos não apenas focar em 1963, que foi o primeiro ano de mandato como vereador de Coronel João Sá, mas sim, conhecermos as histórias que precedem esse marco.

            Nascido no dia 02/09/1921 na cidade de Adustina-Ba, distante 53KM de Coronel João Sá, Joãozinho Moraes como era popularmente conhecido, teve uma vida regada a muito trabalho, de início principalmente na área agrícola. Onde plantava e vendia milho e outros cereais.

            Como muitos bem sabem, naquela época a educação era bastante restrita, o que infelizmente acabou retirando a oportunidade de educação de muitas pessoas, porém, Joãozinho Moraes não se ateve às dificuldades existentes. Como não se tinham escolas em sua cidade natal, ele teve que fugir de casa e passar uma temporada na casa de um tio. Mesmo com muito medo do que o seu pai iria falar quando ele voltasse para casa, ele não desistiu, e no decorrer de 3 meses aprendeu a ler e escrever, visto isso, ele se viu na obrigação de voltar para sua residência. Anos mais tarde, se formou em contabilidade.

            O espirito de diferença sempre foi presente nesse ilustre cidadão. Com o decorrer dos anos, ele se casou e sua esposa era residente de Coronel João Sá. Entretanto, sua vida política ainda não tinha começado.

            Joãozinho Moraes foi ganhando a confiança e admiração das pessoas, com o tempo, passou a ir buscar as encomendas do povo da região na cidade de Carira. Ou seja, ele era literalmente um carteiro da população, um detalhe muito pertinente é que, o mesmo não era remunerado para realizar essas atividades. Além de encomendas normais, ele também trazia dinheiro que as pessoas enviavam pelos Correios naquela época.

            Isso mostra, que Joãozinho era verdadeiramente muito confiado pelo povo. Em paralelo com a profissão de carteiro, ele também não tinha deixado suas raízes de agricultor, continuava tendo suas plantações de grãos e além disso, negociava com os mais diversos cereais. Comprava em determinados lugares e trazia para fazer a comercialização com a população local.

            Quando Coronel João Sá teve sua emancipação política, e deixou de ser povoado de Jeremoabo, Zé de Justino que era seu compadre, incentivou algumas pessoas a se candidatarem para vereador, dentre eles, João Francisco de Moraes.

            As eleições vieram e nosso querido Joãozinho Moraes foi o mais votado, (não apenas daquele ano, mas sim, de todos em que concorreu). Algo que pouquíssimas pessoas sabem, é que naquele tempo, os vereadores não eram remunerados, ou seja, eles não ganhavam nenhum recurso financeiro para exercer suas profissões, mas mesmo assim, algumas pessoas tomaram para si, a obrigação de cuidar do povo.

            Estando no cargo de vereador, e consequentemente, muito mais atarefado, ele solicitou a Zé de Justino que providenciasse uma agência dos Correios para Coronel João Sá. E isso foi feito. Pouquíssimos Joãosaenses tinham essa informação.

Estando no cargo de vereador, uma de suas primeiras grandes tarefas foi construir açudes para o armazenamento de água, a escassez daquele tempo era muito grande, e essas construções puderam ajudar de forma grandiosa. Entre esses tanques d’água, está o do Mergulhão, até hoje conhecido.

A casa de João Francisco era sempre visitada pelo povo, anteriormente, pela questão das encomendas, posteriormente, ele foi uma das primeiras pessoas da cidade a conseguir adquirir um telefone fixo, com isso a população se deslocava até sua morada para fazer ligações.

Por ser sempre o candidato mais votado, Zé de Justino contava sempre com o seu apoio, e sempre lhe fazia uma promessa, de que no próximo ano eleitoral, ele colocaria Joãozinho Moraes para concorrer a prefeito. Mas isso acabou nunca sendo honrado. Até que na quarta vez das promessas em vão, Zé de Justino mandou um recado por Higino José de Santana, dizendo-lhe que “não daria para apoiar ele no cargo de prefeito”, dali em diante, nunca mais os compadres se falaram. Joãozinho Moraes sempre se perguntava, se por acaso ele viesse a morrer antes que Zé de Justino, se esse teria coragem de entrar no velório. João Francisco de Moraes faleceu antes, e Zé de Justino não entrou na casa, mas acompanhou o enterro discretamente e um pouco afastado, mas prestando suas condolências.

Joãozinho Moraes partiu, mas sempre deixou muito claro, de que a pior coisa do mundo: “é mentira e traição”.

Base de informações – Aparecida(filha)

Idealização – Marly do Sindicato

Equipe de redação:

Entrevista – Catiane Matos & Genisson Pinheiro

Edição de Vídeo – Genisson Pinheiro

Texto – Genisson Pinheiro